Prezados visitantes!
Esta postagem é um pré-requisito das informações extremamente importantes em termos
de história ferroviária, antes de partirmos para as postagens de fotos reais do
Trem Rio Doce Rápido Vitória a Minas, bem como desenhos desenvolvidos por mim,
vídeos com a composição em miniatura, réplica da realidade retratando a sua
época. Estas são informações extremamente valiosas para a memória histórica
ferroviária e neste caso em específico, parte de fundamental importância para a
história da própria Estrada de Ferro Vitória a Minas!
Leiam e observem com bastante atenção o quadro abaixo, pois ele contém todas as
informações possíveis até o presente momento decifradas, quanto ao histórico do
saudoso Trem Noturno Rio Doce Rápido Vitória a Minas!
Vale lembrar aqui, do acordo ou convênio firmado entre a Companhia Vale do Rio
Doce e a Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima, através do qual, entraram
em serviço no Noturno Rio Doce, os carros poltrona-leito e dormitórios-cabine
da RFFSA, conforme se verá mais adiante!
Esta é uma verdadeira viagem através do tempo!
Composição do Trem Rio Doce Rápido Vitória a Minas - EFVM – CVRD
De 1954 à 1983
Na comemoração do cinqüentenário da E.F.Vitória a Minas pela Companhia Vale do
Rio Doce em 1954, conforme é fato já conhecido, foram adquiridos os carros de
aço carbono para passageiros, fabricados pela Companhia Industrial Santa
Matilde, cuja matriz era em Petrópolis – RJ, com filiais em Três Rios – RJ e
Conselheiro Lafaiete – MG. A Companhia Vale do Rio Doce encomendou à Santa
Matilde uma frota desses carros para formar o Rápido Vitória a Minas, revolucionando
o transporte ferroviário de passageiros na E.F.Vitória a Minas.
Os primeiros carros Santa Matilde, os de 1954, tinham suas configurações
originais notoriamente diferentes. Eram carros de 17 metros, com 15 janelas
contando com a do banheiro, escadas fixas e externas e quase todos sem os
chamados “respiradores” de ar condicionado (não confundir com ar refrigerado,
da classe executiva de hoje), sendo o sistema de ventilação diferente. A cor da
primeira fase do Trem Rio Doce ou Rápido Vitória a Minas era a mesma de sempre,
até 1983, ou seja, um vinho levemente avermelhado, com a faixa da janela
platina com uma leve nuança de prateada, além das listras prateadas acima e
abaixo da faixa da janela, característica fundamental da fase 1 do Trem Rio
Doce. Alguns dentre esses carros tinham o teto também na cor vinho avermelhado,
exatamente como a cor das laterais, além de mais uma listra prateada abaixo da
calha do teto! Eram carros belíssimos de se contemplar! Também era a grande
novidade do momento e o povo alegre e entusiasmado, pelo menos as gerações
daquela época, sempre falavam com grande entusiasmo, do Rápido Vitória a Minas
passando pelas estações! Não havia quem não parasse o que estava fazendo por um
breve momento ou mesmo não fosse às estações para ver o Rápido passar! Era algo
bastante poético, diria mesmo, numa analogia com “A banda”, canção de Chico
Buarque de Holanda.
Segue, abaixo, a composição do Rápido, ao longo de sua história.
Composição do Rápido Vitória a Minas – de 1954 à 1959.
• Carro Bagagem-correio ESF – 121 a ESF - 123, se revezando nas composições que
eram formadas.
• Carros 2ª classe C-121; C-122; C-123 e C-124 (ainda tinham os C-125 a C-127)
todos com 15 janelas.
• Carro Restaurante R-122 a R-124.
• Carros 1ª classe B-121; B-122; B-123 e B-124 (ainda com os B-125 a B-126,
todos com 15 janelas.
• Dois Carros Leito de madeira da CENTRAL (anteriores aos PD-8 e PD-9 também
da CENTRAL) que entravam em serviço em Governador Valadares – MG.
Composição do Rápido Vitória a Minas – de 1959 à 1967
• Carro Bagagem-correio ESF-131 e ESF-132
• Carros 2ª classe C-131; C-132; C-133 e C-134, todos ainda com 15 janelas.
• Carro Restaurante R-131 e R-132
• Carros 1ª classe B-131, B-132; B-133; B-134 e B-135 (Todos com placas de A;
B; C; D e E, sendo o último o Carro E, normalmente). Ainda haviam os B-136 e
B-137, que revezavam com os outros.
• Dois Carros Leito de madeira da CENTRAL (agora, porém, os PD-8 e PD-9
fabricados em 1957 em Belo Horizonte – MG, entrando em serviço em
Governador Valadares – MG). Porém, a partir do ano de 1967, já estavam em
serviço os Carros Dormitórios-cabine de aço carbono vermelho óxidos da
RFFSA-CENTRAL, em Governador Valadares e, algumas vezes, juntos com os Leitos
PD-8 e PD-9 na mesma composição.
Composição do Rápido Vitória a Minas – de 1965 à 1975
• Carro Bagagem-correio ESF-131 e ESF-132 (os mesmos de 1959, foram
reutilizados em 1965). Também aqui se costumava utilizar o BC-221 RFFSA-CENTRAL
vermelho óxido em revezamento com o da EFVM.
• Carros 2ª classe C-141; C-142; C-143; C-144 (S-201 RFFSA-CENTRAL; S-202
RFFSA-CENTRAL). Todos com 18 metros e 16 janelas e com “saias.”
• Carro Restaurante R-131; R-132 ou mesmo R-123 ou R-124. Com “saias.”
• Carros 1ª classe B-141; B-142; B-143; B-144 (P-205 RFFSA-CENTRAL, algumas
vezes o P-206 RFFSA-CENTRAL que vinha com a placa E, sendo ele nesta conjuntura
o Carro E).
• Carros Poltrona-leito DP-204 RFFSA-CENTRAL e DP-205 RFFSA-CENTRAL.
• Carros Dormitórios-cabine DC-201 RFFSA-CENTRAL e DC-202 RFFSA-CENTRAL ou as
vezes o Leito PD-8 da CENTRAL junto com o DC-201 RFFSA-CENTRAL. A partir de
1971, DC-201 RFFSA – 6ª Divisão Central até 1973. A partir de 1974 à 1975,
RFFSA – 14ª Divisão Centro Norte.
Composição do Rápido Vitória a Minas – de 1976 à 1983
• Carro Bagagem-correio ESF-126 EFVM ou o BC-221 RFFSA – Regional Belo
Horizonte – SR2
• Carros 2ª classe C-141; C-142; C-143; C-144 (S-201 RFFSA-SR2; S-202
RFFSA-SR2). Todos com 18 metros e 16 janelas e com “saias.”
• Carro Restaurante R-124 ou R-123 ou mesmo R-132 com “saias.”
• Carros 1ª classe B-141; B-142; B-143; B-144 (P-205 RFFSA- SR2; P-206
RFFSA-SR2 que vinha com a placa E, sendo ele nesta conjuntura o Carro E).
• Carros Poltrona-leito DP-204 RFFSA-SR2 e DP-205 RFFSA-SR2.
• Dois Dormitórios-cabine RFFSA – Regional Belo Horizonte SR2 DC-201 e DC-202.
Uma observação extremamente importante:
Notem que os carros S-201 e S-202; BC-221, DP-204 e DP-205; DC-201 e DC-202,
todos estes da RFFSA, são absolutamente os mesmos carros, com as mesmas
inscrições, tanto em sua fase RFFSA-CENTRAL (1962 a 1969); em sua fase RFFSA-6ª
Divisão Central (1969 a 1973); RFFSA-14ª Divisão Centro-Norte (1973 a 1976) e
finalmente RFFSA - Regional Belo Horizonte - SR2. No caso dos veículos de
origem RFFSA-Central ou simplesmente Central para a fase RFFSA-SR2 não mudaram
suas inscrições, o que só foi ocorrer em 1987 na fase SIGO - SISTEMA INTEGRADO
DE GERENCIAMENTO OPERACIONAL da RFFSA, mas o Trem Rio Doce fora extinto em
1983, portanto, não pegando essa fase SIGO. Somente os carros de origem
RFFSA-Centro Oeste ou RFFSA - 5ª Divisão Centro Oeste é que mudaram suas
inscrições, da 5ª Divisão para a Regional Belo Horizonte. E, um detalhe
interessante é que os carros de origem RFFSA - 5ª Divisão também entraram na
composição do Trem Rio Doce, obviamente, não enquanto 5ª Divisão, mas como
RFFSA - Regional Belo Horizonte, conforme veremos mais adiante. É este o caso
do dormitório-cabine DC - 472.
Esta é a parte da história que há muito ficou esquecida, perdida e quase
totalmente apagada na noite dos tempos. Não fossem pessoas verdadeiramente
dignas, com firmeza de caráter e com consciência da preservação histórica e
determinação em guardar essas informações tão preciosas como um tesouro para a
memória ferroviária, estas informações teriam se perdido para sempre!
São pessoas como José Emílio de Castro Horta Buzelin, João Bosco Setti, Eduardo
Coelho, Carlos Alberto Rodrigues Alvarenga, Paulo Roberto de Oliveira Cerezzo,
Marcos Antônio Siqueira e tantos outros!
A estes, meus mais sinceros agradecimentos e a história também há de
agradece-los e recompensa-los com a perspectiva de seus filhos, netos e quem
sabe, bisnetos, contemplarem uma história fascinante, marcada pelos mais caros
sonhos, aventuras, com toques de grande poesia e romantismo!
Hélio dos Santos Pessoa
22/07/2010