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quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

 

2- A história esquecida na noite dos tempos

 

Trem Rio Doce Rápido Vitória a Minas:

A história esquecida na noite dos tempos

 

Prezados visitantes!

A realidade histórica com a qual entrareis em contato neste blog, através de depoimentos e, principalmente, fotos reais e vídeos retratando-a, conta com exatos 56 anos de uma fascinante história, marcada pelas mais incríveis tradições, aventuras, retrato de um passado glorioso, ao qual designei chamar de “a era de ouro” dos trens de passageiros neste país chamado Brasil. Gerações a fio, que viveram grande parte de suas vidas a bordo de um magnífico trem de passageiros, se emocionaram e foram verdadeiramente felizes em seu interior, sendo que um dos filhos dessa época poética, sonhadora, vos dirige essas palavras carregadas de profundos sentimentos.

Esta é uma história real, mas que por longos 30 anos, ficou no anonimato, no esquecimento da própria história e mesmo da memória ferroviária. Não fosse por um árduo trabalho, uma profunda dedicação marcada por incansáveis pesquisas, diálogos com dedicados escritores sobre a história das ferrovias, entre eles, o amigo José Emílio de Castro Horta Buzelin e o amigo João Bosco Setti e muitos outros amigos, testemunhas vivas e oculares desta época, coletando dados e registrando informações importantes, esta história estaria certamente perdida na noite dos tempos, existindo apenas em livros, mas de forma muito esparsa. Esta história é de fundamental importância e parte integrante da história da Estrada de Ferro Vitória a Minas. Valendo-me da sinceridade e franqueza, contudo, sem a intenção de ferir a sensibilidade das pessoas, é incompreensível que se conheça a história dessa grande ferrovia, sem conhecer a história de um de seus mais formidáveis e importantes trens de passageiros ou, diria, seu mais importante trem de passageiros, que impulsionou o progresso das cidades pelas quais passava e encantou gerações.

Pouquíssimas são as pessoas que conhecem algo a respeito do antigo Trem Noturno Rio Doce da Estrada de Ferro Vitória a Minas - Companhia Vale do Rio Doce.

O Noturno Rio Doce, também denominado “Rápido Vitória a Minas”, fora formado no longínquo ano de 1954, quando a Companhia Vale do Rio Doce, que controla a Estrada de Ferro Vitória a Minas desde 1942, em comemoração ao cinquentenário desta última, comprou da Companhia Industrial Santa Matilde, uma frota de carros de aço carbono para passageiros, para formar o famoso trem de passageiros que ficou conhecido na história como “Rápido Vitória a Minas”.

A Cia. Industrial Santa Matilde, cuja matriz era na cidade de Petrópolis – RJ, com duas filiais; uma em Três Rios – RJ e a outra em Conselheiro Lafaiete - MG, a partir da década de 1950, fabricara material férreo, entre eles, truques, engates e veículos ferroviários para diversas ferrovias no Brasil, incluindo a Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima - RFFSA. O nome “Rápido Vitória a Minas”, surgiu principalmente para contrastar com o antigo trem de passageiros também da Vitória a Minas, o PNT-1 que, até então, era formado por carros de madeira e locomotiva a vapor (Maria Fumaça) e que fazia, no máximo, cerca de 35 km/h.

O Rápido Vitória a Minas, formado por locomotiva a diesel B-12 da General Motors e carros de aço carbono Santa Matilde, chegava a fazer até 60 km/h, daí o nome “Rápido”, em comparação com a Maria Fumaça, além do fato dele não parar em estações muito pequenas como Flexal, Vasco Coutinho, Capitania, Relógio, Timbuí, Maria Ortiz, dentre outras cidades de pequeno porte.

A viagem inaugural do Trem Rio Doce da EFVM, foi feita ainda com uma locomotiva a vapor de fabricação americana, uma Teen Weeler da EFVM, no final do ano de 1954. A era das locomotivas a vapor chegara ao fim, na história da EFVM. Nos anos seguintes, o Trem Rio Doce passou a ser tracionado pela locomotiva diesel B-12 na cores vinho levemente avermelhado e com faixas platina num tom quase branco e o tradicional emblema da águia. Os carros de aço carbono para passageiros, também nas cores vinho-avermelhado e com a faixa das janelas em platina levemente prateado.

Até o ano de 1963, aproximadamente, o Trem Rio Doce era tracionado por uma B12, mas a partir de meados dos anos 60, principalmente no início da década de 70, ele passou a ser tracionado por uma locomotiva G-12 de fabricação americana da General Motors, com um motor de 1350 HP.

A composição do Rápido Vitória a Minas era formada, inicialmente, por 1 locomotiva a diesel B-12, 1 carro bagagem-correio-chefe de trem, 6 carros de 2ª classe, 1 carro restaurante e 5 carros de 1ª classe. É importante lembrar que a história dos trens de passageiros da Vitória a Minas, tanto o antigo PNT-1, quanto o Trem Rio Doce, necessariamente passa pela história da Estrada de Ferro Central do Brasil – EFCB e posteriormente da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima - RFFSA, conforme veremos a partir de novas postagens. Ainda no tempo do antigo trem de passageiros da Vitória a Minas, o PNT-1, aproximadamente pelo ano de 1947, a Companhia Vale do Rio Doce firmou um acordo com a Central do Brasil e alugou desta última, dois fantásticos carros dormitórios (leitos) de madeira, que a partir de Governador Valadares - MG, para quem vinha de Vitória – ES eram engatados na composição do Trem da Vitória a Minas, tanto no antigo com carros de madeira e locomotiva a vapor e também depois, em 1954 quando surgiu o Rápido.

Esta foi a época da famosa baldeação de passageiros na cidade mineira de Nova Era - MG, antiga São José da Lagoa – MG, baldeação esta que teve início em 1938 aproximadamente e que durou aproximadamente até o ano de 1965. Quem viajava de 2ª ou 1ª classe, de Vitória - ES até Belo Horizonte - MG, deveria desembarcar em Nova Era - MG para embarcar no trem da Central, pois ali era o ponto final da E. F. Vitória a Minas. Mas, quem comprava passagem para os carros leito da Central, não precisavam desembarcar, pois vinham de 1ª classe até Governador Valadares - MG e bastava esperar até que os dois leitos da Central fossem engatados na composição do Vitória a Minas. Ao serem engatados os dois leitos, os passageiros que haviam comprado passagem para os mesmos, apenas passavam dos carros 1ª classe para os leitos, de dentro do trem mesmo. No entanto, quem prosseguia na 2ª ou 1ª classes, tinha forçosamente que desembarcar na estação ferroviária de Nova Era, atravessar a linha e embarcar no trem da Central que estava aguardando do outro lado da linha.

Este era o Trem noturno da Central, o misterioso trem cujo prefixo era NF-1 e NF-2 respectivamente. De Belo Horizonte a Nova Era assumia o prefixo NF-1 e de Nova Era a Belo Horizonte, NF-2. A baldeação de passageiros perdurou até o ano de 1965 aproximadamente, quando o meu avô Altamiro Santos, então Presidente da Câmara Municipal de Vereadores da cidade de Aimorés - MG, em 1959 resolve escrever uma carta para o Excelentíssimo Sr. Presidente da República Juscelino Kubitschek, endereçando cópia dessa carta ao Senador Sr. Benedito Valadares, ao mesmo tempo em que escreve para os Presidentes da Companhia Vale do Rio Doce e da Central do Brasil, respectivamente, a fim de solucionar o problema da baldeação de passageiros em Nova Era - MG. O fato fora registrado nos cartórios da Câmara Municipal do Vale do Rio Doce e, resolvida a situação, a partir de 1965, o Rápido Vitória a Minas já vinha direto até Belo Horizonte - MG sem que os passageiros precisassem desembarcar em Nova Era, no desconforto da baldeação. Retrocedendo-se uns anos antes, no ano de 1957, a 16 de março, sob Lei Federal nº 3115, é fundada a Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima – RFFSA. Um novo convênio é firmado, desta vez, entre a RFFSA e a CVRD - Companhia Vale do Rio Doce, a partir de 1965, aproximadamente. A RFFSA assumiu toda a malha ferroviária e patrimônio da Central do Brasil, uma vez que encampara esta última. Ao final da década de 1960 e início da década de 1970, a composição de passageiros do Rápido Vitória a Minas era novamente servida com dois carros dormitórios, mas dessa vez, os de aço carbono da RFFSA-6ª Divisão Central, depois RFFSA-14ª Divisão Centro-Norte e, depois ainda, RFFSA - Regional Belo Horizonte, porém, no mesmo esquema, embarcando-se nos mesmos em Governador Valadares – MG, para quem vinha de Vitória, ou então, embarcando-se nos mesmos em Belo Horizonte até Governador Valadares, onde eram desengatados da composição.

Foi aproximadamente por volta de 1960 que a frota de carros de aço carbono Santa Matilde fora dividida, passando a formar 4 composições do Trem Rio Doce, entre Vitória – ES e Nova Era – MG, sendo que em Nova Era, uma prosseguia com destino à Belo Horizonte e outra prosseguia com destino à Itabira. No sentido contrário, uma composição partia de Belo Horizonte - MG às 22:00h e chegava à Vitória - ES, por volta das 15:58h; a outra, saia de Vitória por volta das 14:30h e chegava à Belo Horizonte - MG por volta das 07:20h. Este era o Noturno Rio Doce, cujo prefixo era NF-31, de Belo Horizonte à Nova Era e mudava-se o prefixo para RD-2 (Rápido 2), de Nova Era à Vitória. De Vitória para Belo Horizonte, assumia o prefixo RD-1 (Rápido 1) e, ao chegar à Nova Era, assumia o prefixo de Noturno NF-32.

As outras duas composições saiam; uma de Vitória - ES por volta das 07h20minh, passava em Aimorés - MG às 11h00minh e chegava a Itabira - MG por volta das 18h50minh ou 19h00minh. Este era o Expresso, diurno, cujo prefixo era P-1. A outra, devia sair de Itabira por volta das 08:00h, passava por Aimorés - MG às 17:50h e chegava à Vitória por volta das 20:00h. Este era o outro Expresso, o de prefixo P-2.

Na medida em que novas postagens forem sendo realizadas, muitos detalhes serão, aos poucos, desvendados. Faz-se necessário, no entanto, lembrar que a verdade histórica depende muito da época na qual fora vivida e dos fatos que ocorreram nesta época. Por exemplo, os horários dos trens de passageiros da E. F. Vitória a Minas mudavam constantemente, devido a inúmeros fatores como, por exemplo, a conclusão da duplicação da Linha Tronco da EFVM em 1979, a mudança no traçado da linha, dentre outros.

Entretanto, prezado (a) leitor (a), é preciso lembrar que a história parece nunca terminar, pois a cada dia novas descobertas são feitas e as descobertas mais antigas precisam ser atualizadas, complementadas ou mesmo mudadas, a partir do momento em que novas informações vão surgindo. Para a minha grande surpresa, descobri recentemente que, na realidade, o trem de passageiros NF-31 e NF-32 respectivamente, era o próprio Trem Rio Doce da E. F. Vitória a Minas. O que acontecia era que, de Belo Horizonte à Nova Era, o Trem Rio Doce assumia o prefixo NF-31 e, de Nova Era à Vitória – ES, assumia o prefixo RD-2 (Rápido 2). De Vitória – ES à Nova Era – MG, assumia o prefixo RD-1 (Rápido 1), mas ao chegar à Nova Era – MG, assumia o prefixo NF-32, porque o ramal de Nova Era pertencia à Central do Brasil. O prefixo N = Noturno; F = referente ao ramal de Nova Era e 31 e 32, referentes ao Terceiro Distrito da E. F. Central do Brasil e também referente aos números dos trens, segundo preciosas informações de Paulo Roberto de Oliveira Cerezzo, da General Elétric em Contagem – MG.

No entanto, vale lembrar que os trens NF-31 e NF-32 e posteriormente ROB-1 e ROB-2 eram absolutamente os mesmos trens, ou seja, eram os dois trens da E. F. Vitória a Minas com carros da EFCB e posteriormente, da RFFSA, no caso dos ROB-1 e ROB-2. Tudo depende da época. De 1965 à 1976 eram o NF-31 e NF-32; de 1976 à 1983 eram o ROB-1 e ROB-2. Os trens cujos prefixos eram NF-31 e NF-32 respectivamente, eram formados por carros de aço carbono da E. F. Vitória a Minas e carros de aço carbono da Central e em seguida, RFFSA-6ª Divisão Central (a partir de 1971). Já os mesmos trens com os prefixos ROB-1 e ROB-2 eram formados por carros da E. F. Vitória a Minas e carros da RFFSA - Regional Belo Horizonte - SR2.

As viagens noturnas eram verdadeiras aventuras, marcadas pelos sonhos dourados de uma criança enlevada pela aventura, embalada pelo apito do Trem Noturno, nas noites alegres e inesquecíveis, poéticas, que ficaram na memória para sempre, perdidas no tempo e esquecidas da memória ferroviária e de nossa desmemoriada sociedade brasileira, mas bastante vivas na memória daqueles que viveram suas aventuras, suas emoções, suas histórias de vida junto de suas famílias e foram verdadeiramente felizes no interior de um trem magnífico, o trem dos sonhos, um trem que o tempo levou e que não volta nunca mais…

 

Hélio Santos Pessoa

29/11/2010

 

 

1- AGRADECIMENTOS



AGRADECIMENTOS

 

À Deus, por Sua infinita bondade, pelos momentos de profundas inspirações a mim concedidas, nesta trajetória de pesquisas, investigações e busca pelo resgate de tão fascinante história.

 

Aos prezados amigos e dedicados escritores, José Emílio de Castro Horta Buzelin e João Bosco Setti, amigos da SOCIEDADE DE PESQUISA PARA A MEMÓRIA DO TREM, dedicados à nobre causa ferroviária, de quem colhi preciosas informações.

 

Ao prezado amigo Paulo Roberto de Oliveira Cerezzo, da General Elétric em Contagem – MG, de quem recebi farta documentação e também colhi preciosas informações, além de fotos e orientações.

 

Ao prezado amigo Carlos Alberto Rodrigues Alvarenga, carinhosamente, Tio Carlão, de quem recebi apoio, incentivo e fotos de inestimável valor histórico.

 

Ao prezado amigo Marcelo Citaro, de quem recebi apoio nas pesquisas e documentações, como plantas dos veículos ferroviários.

 

Ao prezado amigo Marcos Antônio Siqueira, uma testemunha ocular desta história, de quem recebi valiosíssimas orientações, plantas de veículos ferroviários e fotos.

 

Aos prezados amigos David Santos e Gilser Silva, exímios ferreomodelistas profissionais, de quem aprendi a arte da modelagem de trens em miniatura, que serviram para os vídeos os quais disponibilizo neste blog.

 

Hélio Santos Pessoa

02/03/2010

 

 

“As pessoas esqueceram como contar uma história. As histórias não têm mais um meio ou um final. Elas normalmente têm um início que nunca para de começar”.

Steven Spielberg

 

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

BLOG EM MANUTANÇÃO

 PREZADOS VISITANTES!


POR MOTIVOS ALHEIOS À MINHA VONTADE, TIVE QUE REMOVER TEMPORARIAMENTE AS MINHAS POSTAGENS! MUITO EM BREVE AS POSTAGENS ESTARÃO DE VOLTA!

PEÇO DESCULPAS PELO TRANSTORNO. NÃO SE PREOCUPEM, TODAS AS POSTAGENS IRÃO RETORNAR EM DEVIDO TEMPO EM SUA FORMA ORIGINAL.

AGRADEÇO A COMPREENSÃO DE TODOS VOCÊS.

ATENCIOSAMENTE,


HÉLIO SANTOS PESSOA


25/11/2022